domingo, 7 de dezembro de 2008

Cavaleiro


Eu penso as vezes sobre aonde quero chegar, mas é nesta hora que visito os meus anseios e os meus arrependimentos e é aí então que me vejo no lugar de onde eu deveria ter saído . Eu sei que tentamos sempre acertar, mas o acaso sobrepõe tudo. Nas amizades novas? Novas verdades, talvez aquela verdade que ninguém me contaria lá de onde vim e nem sequer teria acesso se não fosse o meu poder de voar. Voando se chega longe, no claro ou no escuro se pode enxergar, pois os olhos de águia ou de formiga sabem onde posicionar-se, seja no queixo do amigo ou na orelha mal lavada, até no cinzeiro se pesca um bom peixe, se os copos vazios são um desleixo? Que venha o garçom e sua gravata limpar o uísque derramado. Os atores sem palco? Continuam dançando sem luz? E os malditos poetas? É... os nossos queridos.... quem sem suas canetas não rimam nem raciocinam, bebem como loucos e fumam sem parar. É fácil sorrir aqui, agora, onde me vejo, onde o meu ar é somente o ar que eu respiro e os meus medos vibram em meus dentes.
Hoje a noite eu vou dormir pouco e vou reagir a essa excitação, vou despejar minhas letras disfarçadas no seu travesseiro amassado e com a saudade que me inspira sofrer por nós dois.E foi no realçar do seu sorriso que vi o que não queria, o tempo é doce quando corre suave, acelerando, ele já vira um estorvo. Não daqueles que te queima a pele, mas o do calcanhar dolorido e da manta sem cor, do beijo sem alívio e o da mentira necessária. È claro que podemos mentir um pouco, é óbvio, basta mentir, interpretar, sorrir como eles, andar no mesmo trilho mesmo com vontade de pular. No carrinho de mão que carrego meu ouro, desvio sempre do penhasco ao lado, sem olhar pra baixo e pensar no pior, sigo como um insano decente pondo um pé atrás do outro, com o equilíbrio necessário pra não cair, por que quando eu conseguir atravessar nada poderá me acontecer.Mas eu sei que nada é certo enquanto dure por isso eu beijo a flor que me aparece. Acariciando sua pele eu acalmo meus nervos intranqüilos e me lembro de quem eu sou, do que eu preciso e pra onde eu penso que vou. No conforto de seu colo viro um filho pidão, reclamando seu leite, á noite, á qualquer hora, cheio de tesão, me esfregando em suas pernas até chegar no cheiro do pescoço pra me aconchegar no lugar mais quentinho do mundo. As enlouquecidas? Eu já esqueci! Virei á página do meu capitulo e comecei a escrever, passei por pontes e morcegos, dentes grandes, chapéus grotescos e unhas afiadas, vi o Drácula, a feiticeira, o homem das neves e a noiva da estrada, no que eu acreditei? Somente nas solitárias pegadas que encontrei quando caminhava sozinho.


Robson Deorristt
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Escrito em 14/10/2008

Publicado no Recanto das Letras, protegido com o código T1227380


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2 comentários:

by Čσєℓнσ Ѕнімαďα/ Shimada Coelho disse...

Eu deliro com seus textos! Com eles eu também posso voar!

aline daka disse...

Muito bonito o blog e os escritos, sem dúvida... fica com a flor, não perde nunca o poder do vôo, segura a onda, aproveita a noite,ainda penso que tu tem grandes encontros e reencontros... se cuida!
Tua irmã e amiga, ora bolas, o resto é o resto.